É, sem dúvida, por um ângulo inusitado, em termos da literatura existente, que a psicanalista Maria Pierrakos desenvolve o seu depoimento crítico, que é ao mesmo tempo uma espécie de desabafo intelectual e pessoal, sobre Lacan e seus famosos seminários. Ocupando, por doze anos, a função de estenotipista oficial, a autora esteve presente a todas as aulas, ao lado do protagonista e diante da fiel platéia do Mestre . Nesta condição, seu papel consistiu apenas em transcrever as palavras e os ensinamentos proferidos pelo professor do alto de sua ciência , o que naturalmente não permitia exprimir pensamentos e opiniões possíveis da anotadora e, na própria medida de seu interesse pelo assunto, trouxe-lhe algumas frustrações, digamos psicanalíticas . Embora lograsse mais tarde desenhar um trajeto próprio na psicanálise e na antropologia, Pierrakos nos oferece uma leitura singular dos seminários, utilizando-se de sua vivência pretérita e de sua experiência como psicanalista. Assim, aponta, entre outras coisas, um exercício autoritário da condição do guru-analista, na pregação de suas idéias renovadoras da ciência e do saber freudianos, a revelarem-se a uma platéia submissa e quase fanática pelo ídolo . Por tudo isso, torna-se sugestivo o título desta obra, A Batedora de Lacan, que, em tradução de Fabio e Eva Landa, entra para a coleção Elos da editora Perspectiva.
Peso: | 78 g. |
Páginas: | 70 |
ISBN: | 9788527307109 |
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