Em Linguagem de sinais, Luiz Schwarcz percorre os desvãos da lembrança com uma prosa conhecedora dos caminhos que levam dos fatos da realidade à ficção. A invocação de episódios autobiográficos marcantes - como o estranho caso do idoso desmemoriado num avião para Lisboa, deflagrador do livro - expõe a intimidade inerente ao tratamento ficcional da memória. O livro, inicialmente concebido para ser um romance, conserva resquícios da forma original, trazendo contos associados pela recorrência de personagens e pela voz de um narrador que se depara com a irrupção inesperada do passado familiar. Em Antônia , história que abre o volume e lhe dá o tom dominante, conhecemos o obsessivo personagem com quem o narrador dividiu seus anos de casamento. As figuras de Goya e Beethoven, gênios criativos que padeceram de surdez total, pairam sobre o enredo de amor e desilusão ocasionado pelas idiossincrasias dessa mulher enigmática. Especializada na linguagem dos surdos, Antônia e seus silêncios expressivos simbolizam a incomunicabilidade do amor tematizada por Schwarcz em textos como O síndico e O cobertor xadrez . Em Kadish , um cantor que sonhava em se tornar tenor de ópera e acaba convertido em cantor de sinagoga sintetiza a interpenetração entre ficção e realidade delicadamente operada no livro, aludindo à ancestralidade homenageada pelo autor.
Peso: | 159 g. |
Páginas: | 104 |
ISBN: | 9788535917321 |
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