p b Bruna Ramos da Fonte conseguiu com este livro produzir uma espécie incomum de romance de formação, pois focaliza a um só tempo tanto a sua própria trajetória quanto a da canção engajada na América Latina. Essa manifestação cultural não foi apenas importante para a consolidação da identidade cultural do subcontinente, mas também fundamental para a superação do autoritarismo que se disseminou a partir das décadas de 1960 e 1970, cujo ideário funesto ainda insiste em nos assombrar. /b /p p O golpe de Estado ocorrido no Brasil em 1964 implantou um período ditatorial de vinte e um anos e antecedeu uma série de outros governos autoritários na América Latina, que foram se sucedendo rapidamente em países como Bolívia, Argentina, Chile e Uruguai. Inaugurava-se assim uma época de opressão, supressão dos direitos democráticos e instabilidade política na história dessa região, uma fase nefasta que ainda não se encerrou completamente. /p p A síntese inicial desse período foi o brilhante ensaio de Eduardo Galeano, i As veias abertas da América Latina /i , considerado a Bíblia da Esquerda em virtude de seu lúcido viés crítico. Agora, no momento em que o Novo Milênio ainda se vê contaminado por concepções políticas reacionárias, Bruna Ramos da Fonte nos oferece outra visão panorâmica deste subcontinente tão fascinante quanto conturbado. i Apenas uma mulher latino-americana: em busca da voz revolucionária /i é uma obra escrita de peito aberto, que pode ser considerada uma Bíblia da canção engajada latino-americana , ultrapassando os limites do que se convencionou chamar de música de protesto para englobar manifestações musicais muito mais amplas e ambiciosas. /p p Nascida no coração do ABC Paulista, em São Bernardo do Campo, Bruna teve contato desde cedo tanto com os movimentos sociais quanto com o mundo da música, estudando piano clássico e violino desde os oito anos. Essa união a levou a pesquisar a música dos países latino-americanos com a paixão de uma militante e a sabedoria de uma erudita. Em uma jornada temperada por reminiscências apaixonantes de sua vivência pessoal junto a grandes nomes da música e da literatura, como Tita Parra (que assina o prefácio), Antonio Skármeta, Silvio Rodríguez, Raúl Aliaga e Thiago de Mello, Bruna visitou as casas de Che Guevara (onde conheceu a filha do revolucionário, Aleida), de Hemingway, em Cuba, e de Neruda e Violeta Parra, no Chile (a Casa de Palos, construída em madeira pela própria cantora e compositora). Desta forma, ela conseguiu recuperar a um só tempo as influências de estrelas da música latino-americana e o i genius loci /i , o espírito dos lugares que as influenciaram. /p p Em uma cativante autobiografia musical de uma mulher latino-americana, Bruna Ramos da Fonte realiza de forma magistral seu objetivo de compor um manifesto de alguém que acredita na arte e na cultura como as grandes ferramentas da revolução . /p
Peso: | 400 g. |
ISBN: | 9786555324204 |
LETRAS & CIA - CNPJ n° 88.587.548/0001-20 - AV. NAÇÕES UNIDAS - RIO BRANCO - - NOVO HAMBURGO - RS
Atualizamos nossa política de cookies. Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência. Ao continuar navegando, você aceita a nossa política de monitoramento.